GONÇALVES, Elton Simões. (2011) O Uso de Geotecnologias na Construção das Relações entre as Mudanças na Paisagem Rural da Bacia do Rio São João – RJ e a Dinâmica Socioeconômica Regional. Orientadora: Carla Bernadete Madureira Cruz. Rio de Janeiro: UFRJ/PPGG. Dissertação (Mestrado em Geografia).
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A bacia do rio São João está inserida na região fluminense das Baixadas Litorâneas. Conforma-se como parte de uma região hidrográfica estratégica para o abastecimento de
grande parte de seu entorno, o qual, nos últimos vinte e cinco anos, tem apresentado uma dinâmica socioeconômica acompanhada de um significativo crescimento urbano e
populacional. Consequentemente, nítidos interesses ligados ao acompanhamento, regulação e readequação dos padrões de manejo e uso do solo regional passaram a ser considerados.
Destaca-se, nos domínios da bacia, uma paisagem rural ainda predominante, ao menos no que tange à forma. Nesse contexto, esse trabalho sugere a utilização de geotecnologias com o objetivo de instrumentalizar e sistematizar o monitoramento das transformações espaçotemporais da paisagem rural da área de estudo. Com base na compilação de dados secundários e registros de campo, juntamente com o geoprocessamento de bases temáticas de cobertura e uso da terra para os anos de 1985, 1995 e 2010, capitulamos, diagnosticamos e analisamos a dinâmica das formas e funções da paisagem rural, tendo sido essa representada e espacializada em mapeamentos de densidade de kernel. A comparação entre tais representações, obedecendo os intervalos 1985-1995 e 1995-2010, nos permitiu identificar e prestar considerações sobre os eixos de mudança nas seguintes classes temáticas: floresta, mangue, vegetação secundária, pastagem, urbano médio, urbano rarefeito e áreas úmidas.
A incursão em campo direcionada aos vetores de transformações espaço-temporais da paisagem rural teve como produto a compreensão das estratégias locais e regionais desenvolvidas pelos agentes territoriais atuantes. Nesse sentido, observou-se que a área de estudo acompanhou a tendência estadual de declínio e reestruturação do setor agropecuário, cujos indicativos espaciais se refletem nos seguintes padrões: na recomposição espontânea das classes vegetacionais; na dominância de padrões de usos rurais estagnados representados pelas modalidades pecuária de corte e leiteira; na redução da área cultivada de produtos tradicionais no conjunto regional; na existência de extensões remanescentes de recuperação produtiva; e no surgimento de novas modalidades de uso ligadas e não ligadas ao setor agropecuário – nesse caso, turismo rural, silvicultura consorciada, ampliação de Reservas Particulares do Patrimônio Natural e piscicultura. Esses são, pois, padrões de mudança que precisam ser localizados – espacial e temporalmente – mensurados e inseridos em um Sistema de Informação Geográfica face à necessidade de integração de dados diversos úteis a iniciativas ligadas ao planejamento rural e ambiental da bacia em questão.