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A Influência dos Padrões de Paisagem no Atropelamento de Fauna: o Caso da BR-040

Tese de Doutorado submetida ao Programa de PósGraduação em Geografia da Universidade Federal do Rio de Janeiro como requisito necessário à obtenção do título de Doutor em Geografia

FREITAS, Leonardo Esteves. A influência dos padrões de paisagem no atropelamento de fauna: o caso da BR-040. Orientador: Evaristo de Castro Jr.

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O atropelamento de fauna silvestre gera impactos relevantes sobre as populações naturais e sua mitigação requer o conhecimento das relações entre as características das paisagens e os atropelamentos, possibilitando a previsão desses eventos. Nesse sentido, o presente trabalho teve o objetivo de relacionar as características das paisagens cruzadas pela rodovia BR-040 (Rio-Juiz de Fora), com os atropelamentos de fauna silvestre registrados na rodovia. Foram levantadas as características de cobertura vegetal e uso do solo no entorno da rodovia e também características da fragmentação florestal. Foram levantadas as precipitações acumuladas em estações pluviométricas situadas nas proximidades da rodovia. Os resultados mostraram que os atropelamentos de mamíferos e aves se concentram nas épocas mais secas. A menor disponibilidade de recursos explica esse fenômeno, pois gera maior necessidade de locomoção dos animais entre fragmentos em busca dos mesmos, sendo mais atropelados. Já os répteis são mais atropelados nas épocas mais quentes, pois procuram as rodovias para regulação térmica. Do ponto de vista espacial, os mamíferos são mais atropelados onde há maior proporção de florestas conservadas, tanto nas proximidades da rodovia, como no contexto mais geral. Isto ocorre, pois a utilização das estradas pelos mamíferos está associada, em grande parte, à locomoção entre fragmentos de floresta. As aves são mais atropeladas onde a paisagem apresenta fragmentos florestais bem conservados, capazes de sustentar suas populações, mas onde há predomínio de formações abertas nas proximidades da rodovia, pois as aves vão à estrada para se alimentar, havendo a necessidade de áreas abertas, onde possam caçar. A análise espaço-temporal e a comparação com a precipitação acumulada mostraram que, em ambientes fragmentados como a Mata Atlântica, há uma relação estreita entre o aumento do atropelamento de mamíferos e aves e a redução no acumulado de precipitação apenas nas paisagens onde há predomínio de florestas conservadas. Nas paisagens onde há predomínio de geoecossistemas antropizados esta relação não é observada. Isto indica que, na época seca, os fragmentos florestais têm sua produtividade primária reduzida e, consequentemente, sua capacidade de suporte às populações silvestres diminuída. Dessa forma, as populações inseridas nesses fragmentos necessitam maior deslocamento na paisagem para alcançar um número maior de fragmentos para conseguir recursos necessários à sua sobrevivência. Desse modo, cruzam mais vezes a matriz da paisagem e são atropeladas de forma mais frequente. Já as populações silvestres que vivem preferencialmente inseridas na matriz da paisagem estão em ambientes onde a redução da umidade não implica, necessariamente, em uma redução de produtividade e de disponibilidade de recursos.

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